domingo, 28 de outubro de 2012

Há 50 anos foi assim… (O desporto na Vila das Aves, lido na imprensa local)


(Publicado no jornal Entre Margens)

A época desportiva de 1962/63 é o objecto desta rubrica. A seu tempo se verá porquê. A partir da leitura dos jornais locais, preferencialmente do “Jornal das Aves”, procuraremos recordar acontecimentos e retratar ambientes e personagens da nossa história desportiva. Muitos protagonistas e participantes dos acontecimentos relatados na imprensa ainda estão presentes, porque 50 anos não é há tanto tempo assim, e eles poderão relembrar e confirmar o que se descreve.

Agosto e Setembro de 1962

1 –  A electrificação do campo foi o objectivo de uma comissão que parece disposta a desistir, quando já tinha realizado uma soma razoável.
A equipa de ciclismo do clube participou em diversos circuitos (Aldoar, Lousada, Gondomar e outros). No 8º Circuito das Aves (Populares), realizada no final de Agosto, a nossa equipa esteve em destaque: Manuel de Oliveira foi o primeiro (ex-aequo com um atleta do FCP), César Luís o quinto, José Correia o sexto, Noé Ribeiro o sétimo e Noé Azevedo o oitavo. Um elemento da secção de ciclismo (Manuel Ferreira Certo) participou como estafeta na Volta a Portugal em bicicleta.
Os columbófilos da S.C. das Aves encerraram a época com o concurso de Valença do Minho.


No 2ºCircuito de Motorizadas da Vila das Aves predominaram as Sachs e as Kreidler. Os condutores da nossa terra tiveram actuação destacada: o Armando M. Russo (Paredes) obteve o quarto lugar na categoria Sport e o Floriano Moreira o segundo em Especial.
Em Santo Tirso, o 1º Rallye de Donas Elviras levou uma multidão ao Parque a ver os bólidos, atrapalhando a gincana dos velhos carros. O primeiro prémio foi para um Lancia de 1928.
Os pescadores desportivos do “Pic-Nic à beira rio” repetiram o seu concurso de pesca seguido de leilão a favor dos pobres que já vinham realizando há cerca de dez anos. A pouca água não permitiu pesca abundante (7 kgs de peixe) e o vencedor foi Manuel da Silva, seguido de Álvaro de Sousa e de Serafim de F. Gouveia.

2 – O verão foi animado pelo Torneio Popular de Futebol que o Fontainhas ganhou, em despique, na fase final, com o F.C. de Delães, que foi segundo, o Bairro e a Florentina.
Relativamente à equipa de honra do desportivo, a pré-época, como se diz agora, foi agitada pela eventual revisão da suspensão de um ano ao Miranda, aplicada pela direcção cessante e notícia da provável saída do Zé Pereira para o Salgueiros (constando que o Vitória, o Tirsense e o Boavista também estavam interessados no jogador) e do Costa para o Vizela. Foi contratado como treinador-jogador o Dieste, que pelo primeiro treino demonstrou categoria e isenção, porque tanto manda parar as jogadas dos titulares como dos reservistas.
Loureiro, entrevistado pelo Jornal das Aves, lembrou que já levava 17 anos de atleta do clube e nove de capitão, revelou estar com excelente disposição e garantiu que “se todos quisermos, voltamos esta época à primeira divisão”. Trata-se da primeira divisão regional, não façam confusões.
O cronista desportivo do Jornal das Aves, Luís Freitas de seu nome, deixou clara a sua visão do momento: “Onde está o verdadeiro amor à camisola que se veste? Confessamos sinceramente que temos saudades daquela idolatria à camisola rubro-branca do Desportivo das Aves que era apanágio dum Albano, dum Gentil, dum Toninho, dum Ventura, dum Zeca, dum Álvaro, dum Bernardino, dum Pereira Lopes e de outros tantos daquela geração. Agora, ou se joga para se ser ídolo ou apenas com os olhos nos prémios de jogos. E isso é muito pouco.”
Quem quer comentar, cinquenta anos depois?


sábado, 20 de outubro de 2012

Associação Humanitária das Aves

Primeira ambulância e primeira pedra: 23 de Junho de 1979
Registo em super 8 de autoria do sr. António Costa, a partir de cópia digital da Junta de Freguesia.
A cerimónia decorreu no terreno onde está instalado o Centro de Saúde, que havia sido cedido pela Junta de Freguesia para Quartel dos Bombeiros. 
Presentes,para além das pessoas assinaladas com legenda, o Bispo de Portalegre, D. Agostinho de Moura (que residia no Convento da Visitação), o pároco Monsenhor José Ferreira e o Governador Civil do Porto.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O "cerco de S. Sebastião" (2)

Arnaldo Gama também faz referência ao "Cerco de S. Sebastião" em S. Miguel das Aves, em época anterior àquela a que o Padre da Barca se refere.

 No volume  "Só as mulheres sabem amar", 1ª parte de  "Verdades e Ficções" e, mais precisamente na novela "Um defeito de organização", datado de 1852, o autor portuense que também viveu por cá e que situa cá todo o desenrolar da novela, como já referido aqui, põe na boca dum popular a frase: " benho todo cheio de nadoas de binho, e ainda por riba perco o cêrco de Martle e a museca de Riba d'Ave, que bai função rija".
Para explicar de que se trata, o autor escreveu em nota de rodapé:

" Creio que não há aldeia alguma do Minho onde S. Sebastião não seja festejado com missa cantada e procissão, uma vez cada ano. É isto que se chama o cêrco do Martle, que é a procissão do Corpus para o lavrador do Minho. Este costume, tão geral, é resultado da promessa feita por um dos nossos reis, em consequência da peste que assolou o reino. Se bem me recordo, foi D. João III.


Relativamente à vizinha freguesia de Lordelo, cujas tradições e costumes não serão muito diferentes, dizia o respectivo pároco em 1842, respondendo ao Inquérito Paroquial dessa data, que se pode ler na íntegra  aqui:


"Os festejos mais usuais é a Procissão do Cerco de S. Sebastião, que se faz anualmente, e que os povos não afrouxam em semelhante função; a experiência o mostra, porque todos concorrem para ela."


As procissões do Cerco de S. Sebastião foram "proibidas em finais do século XIX. No bem estudado arquivo da freguesia de Beiriz conserva-se a “Provisão Pastoral do Arcebispo de Braga”, datada de 4 de Junho de 1872, interditando estas manifestações invocando que “se tem convertido em occasião de muitas irreverencias, desacatos e peccados, já por que atravessando montes e sitios escabrozos e caminhos defficeis não é possivel guardar-se nellas a decencia e respeito que deve observar-se em todos os actos do culto divino; já porque esfriando a fé e devoção que aconselhou o establecimento destas solemnidades, e augmentada a immoralidade de que tudo abusa, têm-se tornado incentivo para ajuntamentos profanos, nos quaes nem a religião, nem a moral publica são respeitadas” (in Deolinda M. V. Carneiro, As procissões na Póvoa de Varzim 1900 1950, Tese de Mestrado UP, consultada em http://www.memoriamedia.net/bd_docs/transcrioes_Povoa/imagin%E1rio%20religioso.PDF ).

Falta esclarecer porquê "do Martle",  na linguagem popular transcrita por Arnaldo Gama. Na novela, a palavra Martle aparece, noutro contexto, com o significado de Marte, o planeta (" de todos os plainetas que tenho bisto no Lunairo, aquele com que zango mais é o plaineta Martle") .
Mas é muito mais plausível que, no caso, martle seja corruptela de Mártir.
A procissão seria pois o Cêrco de S. Sebastião ou o Cêrco do Mártir (S. Sebastião).


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O "cerco de S. Sebastião" (1)

S. Sebastião existente
na Igreja de Sobrado (Vila das Aves)
Na procissão da festa do padroeiro S. Miguel realizada no dia 30 de Setembro passado, a imagem de S. Sebastião que se venera na Igreja Matriz  "foi a única que não teve a honra de ser levada na nossa procissão."

Tempos houve em que o S. Sebastião tinhas honras de procissão própria e exclusiva. Uma referência a essa procissão é feita pelo Padre da Barca.

"Dantes era costume - e tal costume ainda vigorava em 1880 - fazer-se anualmente o Cerco de S. Sebastião. Tal cerco, que se realizava nos fins da primavera ou no Verão, consistia em levar-se, processionalmente, a imagem de S. Sebastião em redor da freguesia para a abençoar e proteger contra a peste, fome e guerra. A procissão do Cerco saía da Igreja pouco depois do meio dia, para o lado da Barca, e recolhia a ela ao fim da tarde pelo lado da Boavista. Era uma procissão com carácter de penitência. Porque o andor era muito alto e os caminhos apertados e ladeados de denso e copado arvoredo, iam à frente alguns homens empunhando fouces roçadouras para cortar os ramos que estorvassem a sua passagem. Na Casa da Barca, era costume o cortejo religioso entrar pelo portal da Capela e sair pelo que dá para o caminho do Freixieiro, e também era da praxe os donos da propriedade mimosearem os pegadores do andor e os empregados das irmandades com um vintém de trigo e uma malga de vinho, naqueles tempos azal de saltar aos olhos".

Padre Joaquim da Barca, S. Miguel das Aves,  Monografia, 1955, pag.  175.

Mas há outra referência...

sábado, 13 de outubro de 2012

De partida.


Faleceu no dia 7 deste mês de Outubro o Padre Joaquim Azevedo Mendes de Carvalho, capelão do Mosteiro da Visitação.

Natural de Vila das Aves ( 19/7/1930), onde residia, foi ordenado sacerdote em 1953 e foi pároco em Padim da Graça até 1988 e, mais tarde, Vigário Paroquial de Delães e pároco de Bairro. Foi professor de Educação Musical em Braga e na Vila das Aves, tendo exercido cargos directivos nas escolas em que leccionou. Dedicou-se à música desde os tempos do Seminário sendo autor de numerosos cânticos religiosos e tendo tido papel de relevo na preservação e restauro dos órgãos de tubos de muitas igrejas.
Foi fundador e editor de revistas de Música Sacra e regente de vários coros.
Foi candidato à Junta de Freguesia de Vila das Aves em 1993 e em 1997, como cabeça de lista do PSD, tendo exercido o seu mandato na Assembleia de Freguesia com toda a dedicação e humildade. Foi membro da direcção do  Lar da Tranquilidade (Vila das Aves)

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Agrupamento de Escuteiros do CNE - Vila das Aves

Este pequeno filme, do Sr. António Costa, deve ser de 1967 e mostra os escuteiros, lobitos, caminheiros e dirigentes da altura juntamente com o pároco e assistente e antigos escuteiros. Entre eles, um dos fundadores, Luis Gonzaga Mendes de Carvalho.