segunda-feira, 21 de novembro de 2011

S. Miguel e as Aves (6)


No livro comemorativo dos 50 anos da Vila das Aves, "Vila das Aves em livro aberto", no capítulo das Associações, é descrita a Associação de S. Miguel Arcanjo, criada em 15 de Novembro de 1922, tendo como objectivo "promover o culto a S. Miguel Arcanjo, (...) de modo a que todos os associados procurem imitar o Arcanjo na defesa dos valores divinos, procurando o seu aperfeiçoamento cultural, espiritual e moral". O Padre Joaquim da Barca referia, em 1953, ter sido "estabelecida na paroquialidade do padre António J. da Silva Gonçalves" e   que " a sua acção tem-se feito sentir beneficamente nos homens" (é uma associação exclusivamente masculina).

Rodrigo Silva, um avense por opção própria que foi presidente da Associação de S. Miguel e prestigiado correspondente de vários jornais, (tendo pela sua escrita granjeado um estatuto de jornalista de gabarito)  fez pesquisas sobre a vida e a obra do Padre Silva Gonçalves. Disso deu testemunho em conferência nas Jornadas Culturais de Vila das Aves, que está publicada no livro "4ª e 5ª Jornadas Culturais de Vila das Aves". Por aí se confere que o Padre Silva Gonçalves tinha um currículo político notável enquanto membro do Senado, a câmara alta da Assembleia dos Deputados na primeira República.
Conjugando esta informação com outra, também de Rodrigo Silva, de que Luís Gonzaga Mendes de Carvalho foi o primeiro secretário da Associação de S. Miguel e "herdou" o lugar de presidente da mesma até à sua morte e sabendo que desde 1918 aparece ligado à Junta de Freguesia de S. Miguel das Aves, não será caso para pensar que a Associação de S. Miguel Arcanjo teria como objectivo promover a "valorosa luta pela causa de Deus" no campo da política?
Se isto não for só coincidência a representação do guerreiro que melhor se adapta ao S. Miguel ... das Aves é a do santo guerreiro...

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Magnolia Grandiflora


Podia ter sido uma azinheira (recordaria a "vila morena"...), uma oliveira (pacificante...), um sobreiro ou carvalho (variantes da mesma espécie, com tradições locais mas um bocado "casca grossa"...).

Podia ter sido muita outra coisa mas é uma Magnolia Grandiflora, árvore de folha persistente que, por isso, dará sombra também no Inverno, ao contrário da antecessora. Apresenta, na época própria, grande flores brancas que, conjuntamente com as folhas verdes são apreciadas em arranjos florais. Pode crescer até cerca de 25 metros de altura.
Está bem, portanto. Começou a contagem crescente...
Demorou? Pois sim, mas... decisões destas não são fáceis! Cuido até que terão sido pedidos pareceres técnicos aos serviços e a consultores externos e sondados os serviços jurídicos para garantir que não fosse inevitável uma consulta pública. Parecer de autarquia mais local? Não, claro, se bem que mesmo que o houvesse não seria nunca vinculativo. 
Augura-se-lhe longa vida. 

sábado, 12 de novembro de 2011

S. Miguel e as Aves (5)

Na toponímia da Vila a designação de rua de S. Miguel é relativamente recente. O anterior patrono da rua foi apeado depois da revolução de 25 de Abril de 1974.
Tratava-se, nem mais nem menos, do Dr.Oliveira Salazar e tal denominação englobava também a actual Rua 25 de Abril. Como era o antigo caminho para a Igreja de S. Miguel, faz sentido o nome actual. O outro releva a  proximidade entre os decisores da época e o regime, em consonância, talvez, com a ideia que presidiu à colocação, em 1940, no cruzeiro da Igreja de S. Miguel, "de uma lápide de mármore branco com a seguinte inscrição: Deus-Pátria, 1940 - VIII Centenário da Fundação, III da Restauração", conforme escreveu o Padre da Barca.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

S. Miguel e as Aves (4)

Um elemento simbólico importante no S. Miguel da rotunda é a balança. A balança das almas, que não  a balança da justiça. Esta está  presente em tudo quanto é imagem de tribunal e, em tempos,  serviu de símbolo a um partido que deu cobertura a uma lista de avenses que geriu durante quatro anos a Junta de Freguesia de Vila das Aves, depois derrotar a concorrência nas eleições autárquicas, frustrando as expectativas de muitos observadores interessados.

A foto do acto inaugural é ilustrativa da carga política associada, na época, à construção da rotunda e implantação da representação do padroeiro. E a presença da balança pode adquirir aqui uma significação extra, como que remetendo os finados e os derrotados (políticos) para as profundezas...
- na mesma lógica - imaginará alguém que a sua ausência no outro S. Miguel impede a psicagogia dos respectivos promotores, isto é, o seu guiamento por melhores caminhos? 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

S. Miguel e as Aves (3)


Na Tojela, no centro da rotunda onde a antiga estrada nacional 204/5 encontra a rua de S. Miguel, encontra-se  outro S. Miguel. Curiosamente, esta rotunda com a escultura do santo padroeiro, foi inaugurada no mesmo ano que a que comemora os 50 anos de Vila. De acordo com "Vila das Aves, Elementos para uma Monografia", a estátua é de Manuel Dias e o desenho do conjunto é do arquitecto José António ( da Câmara Municipal de Santo Tirso). A base da estátua é como que um grande ponto de interrogação que vai subindo até aos pés do arcanjo, uma figura alada rude, com vestes de soldado romano, exibindo a cruz na mão direita e a balança na esquerda. Um ponto de interrogação que tanto nos pode remeter para a pergunta  que é  grito de guerra do arcanjo, o "quis sicut Deus" que se pode ler por cima da porta principal da Igreja Matriz, como para uma questão muito mais prosaica que é saber quem serviu de modelo ao artista.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

S. Miguel e as Aves

A escultura comemorativa dos 50 anos de Vila já foi aqui referida:
 http://entre-ambos-os-aves.blogspot.com/2009/02/catalogo-2.html

Encontra-a quem entra na Vila das Aves pela EN 105, poucas centenas de metros depois de passada a Ponte Nova sobre o Rio Vizela.Sendo uma escultura actual cujo elemento mais imponente é a lançadeira de tear, simbolizando o trabalho têxtil que foi dominante durante mais de um século na nossa terra, a figura do arcanjo retém das figurações mais antigas da tradição as asas, a armadura e espada. Nessas figurações mais antigas do santo guerreiro tem na outra mão um escudo com a cruz de Cristo e, debaixo dos pés, um dragão, quando não o próprio Lúcifer como incarnação de todo o mal do mundo...

(A força dinâmica da lançadeira aos pés do arcanjo não aparece dominada como força maligna, antes pelo contrário: parece relançar novos lançamentos... Assim S. Miguel ajude a região a reencontrar o vigor económico perdido...).
Este  S. Miguel também é das Aves, já que Negrelos é a sul da Ponte Nova.