quarta-feira, 31 de março de 2010

Indústria, no início do sec.XX (4)


Passa pelo meio da fábrica o rio Vizela, cuja água serve para o consumo das oficinas, sem que todavia seja aproveitada como motor.

Para este efeito, o vapor substituiu a água.
Não seria fácil descrever a beleza do estreito rio Vizela, marginado de amieiros, junto à ponte que se avizinha da fábrica e que por ela foi mandada fazer.
É um deliciosos trecho de paisagem que, visto uma vez, não esquece mais.
O Vizela junta-se ao Ave no sítio dos Caniços, denominação já conhecida no princípio da monarquia.
A fábrica de Negrelos, que gira sob a firma Cabral, Vavasseur, Soares e Monteiro em Comandita, temo como actual director o sr. Honoré Vavasseur, nela residente.
Fundada em 1845, os seus principais iniciadores foram António José Cabral, avô do actual conde de Vizela e Eugene Cauchois, irmão do avô materno do sr. Honoré Vavasseur.
Houve ainda outros sócios, cujos nomes não pudemos apurar.
Alberto Pimentel, Santo Thyrso de Ribad'Ave, 1902

segunda-feira, 29 de março de 2010

Indústria, no início do séc.XX (3)

" É o sol, ao nascer, que faz reunir toda essa enorme população flutuante; é o sol, ao mergulhar no ocaso, que a dispersa por estradas e freguesias diferentes.
Dir-se-ia uma milícia de trabalhadores que vai ser aboletada nas suas próprias casas, a fim de tomar descanso durante a noite, e voltar à fileira na manhã seguinte, mais fresca, mais laboriosa e mais aguerrida para as batalhas incruentas da Paz e do Trabalho.
A fábrica de Negrelos dá-se sempre a impressão de nos proporcionar a realidade viva de um daqueles romances em que Ocatvio Feuillet e Jorge Ohmet descreveram as lutas e os triunfos da indústria moderna contra os velhos preconceitos da fidalguia decadente.
Passa pelo meio da fábrica o rio Vizela ...
Alberto Pimentel, Santo Thyrso de Riba d'Ave, 1902.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Indústria, no início do séc. XX


"nas três grandes chaminés que se alongam no ar como outras tantas torres esguias, coroadas de penachos de fumo negro e ondulante; na linha férrea que estabelece comunicação privativa entre a fábrica e a estação de Negrelos; e também no cuidadoso amanho das terras adjacentes, onde logo ferem a vista os parreirais dispostos em socalcos solidamente murados.

A fábrica de Negrelos não deu origem a uma nova povoação ou colónia, como tem acontecido em outros pontos do país, porque todos os seus operários residem nas freguesias mais ou menos próximas, Burgães, Rebordões, S. Tomé, S. Miguel das Aves, Roriz, S. Martinho, S. Salvador do Campo e Vilarinho, do concelho de Santo Tirso; Lordelo e Moreira de Cónegos, do concelho de Guimarães.



Mas a fábrica, já em si mesma, é uma grande cidade, muito povoada durante o dia, e guardada de noite por alguns empregados que têm domicílio nas dependências das vastas edificações."



Alberto Pimentel, "Santo Thyrso de Riba d'Ave"

terça-feira, 23 de março de 2010

Indústria, no início do Séc. XX

"Esta fábrica, que se estende desde a freguesia de S. Tomé de Negrelos até à de S. Miguel das Aves, ambas do concelho de Santo Tirso, constitui hoje um vasto empório industrial, uma espécie de extenso condado medievo em que o poder fecundo do Trabalho viesse substituir a imobilidade improdutiva da Nobreza.
Como os antigos castelos e mosteiros, que possuiam dilatados coutos, está rodeada de amplos territórios que lhe pertencem, e que ela explora industrial e agricolamente.
O Trabalho afirma-se ali sob todos os aspectos da actividade moderna: na vastidão descomunal do edifício, que se divide em "fábrica velha" e "fábrica nova"(...)"

Alberto Pimentel, em "Santo Thyrso de Riba d'Ave"

domingo, 21 de março de 2010

De Famalicão para Santo Tirso

O Decreto de 23 de Junho de 1879 que anexou S. Miguel das Aves ao concelho de Santo Tirso foi precedido de debate parlamentar, nas Cortes.
O Boletim Cultural "O Concelho de Santo Tirso" ( Vol.V, 1956) publicou o documento que serviu de base ao referido decreto. Reza assim:
" Senhores: os habitantes da freguesia de S. Miguel das Aves, em número de 127, acabam de representar sobre a justiça e conveniência de ser aquela freguesia anexada ao concelho de Santo Tirso. Consta aquela freguesia de 243 fogos, a que correspondem 934 habitantes de ambos os sexos, segundo o censo da população a que ultimamente se procedeu, e tem o concelho de Vila Nova de Famalicão, a que ora pertence, 28.767 habitantes, enquanto o de Santo Tirso conta 21.539. Donde resulta que o pedido de anexação não prejudica a existência do concelho de Vila Nova de Famalicão. - Por outra parte, os cidadão peticionários aduzem a seu favor razões de muita importância, por onde mostram ser de todo o ponto digno de atenção o seu pedido, tais como estarem mais em contacto e em mais estreitas relações com Santo Tirso e o ser a distância, para chegarem ali, muito menor e muito mais fácil de percorrer, do que a separa de Vila Nova de Famalicão. - Por isso, e porque o poder legislativo é hoje exclusivamente competente para autorizar a desanexação pretendida, que, como outras já votadas, traduz uma aspiração legítima dos habitantes da freguesia de S. Miguel das Aves, a vossa comissão, usando da iniciativa que lhe compete, e de acordo com o governo, tem a honra de submeter à vossa ilustrada apreciação e aprovação o seguinte:



"Projecto de Lei: (texto da Lei tal como foi aprovado)"



Continua o Boletim Cultural: este projecto é datado de 29 de Março de 1879 e assinado pelos deputados Francisco de Abreu Mesquita e Castro, Manuel Arala, Henrique de Paula Medeiros, Júlio de Vilhena, António Teles de Vasconcelos, Manuel de Assunção, Adriano José de Carvalho e Melo e António Pedroso dos Santos (relator).

sábado, 20 de março de 2010

A Capela da Senhora da Sêca (1)


As origens da Capela da Srª da Sêca, existente no lugar de Luvazim, lado de Lordelo,remontam, segundo o Dr. Geraldo Coelho Dias, ao séc.XVI.
Inicialmente, a capela pertenceu aos párocos das Aves, embora estando construída em terras de Lordelo.
Em finais do séc.XIX, a posse da capela transfere-se para os donos da Quinta de Dentro, em cujas terras estava implantada. O primeiro proprietário terá sido, ainda segundo Coelho Dias, Narcizo José Coelho que a deixou ao irmão, padre Augusto José Coelho, morador em Luvazim.
A quinta, e com ela a capela,viriam a ser herdadas por uma sobrinha deste padre, Florinda Rosa Machado e posteriormente passaria para Maria da Conceição Coelho Ferreira Machado.
Apesar de particular, a capela continuou a ser frequentemente usada pelos párocos das Aves para a realização de actos litúrgicos.
A Srª da Sêca (ou Seca) era "advogada das Chuvas; quando os verões se extremavam e a água faltava nos campos e nas casas, fazia-se uma procissão com a sua imagem a implorar pelas chuvas. Houve até uma festa anual em sua honra de que eram juízas, senhoras da aldeia, alternadamente do lado das Aves e do lado de Lordelo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Fotos antigas

O arco da Ponte Nova e o canudo da Traineira por volta de 1950.


terça-feira, 16 de março de 2010

Decreto de 1879, 23 de Junho...

... anexando S. Miguel das Aves, que ora pertence ao Concelho de Vila Nova de Famalicão, no Concelho de Santo Tirso...

domingo, 14 de março de 2010

Sebastião Corvo (3)


Luz Soriano ( 1802-1891), em "Revelações da minha vida", fala de Sebastião Corvo de Andrade como "um dos mais dignos e respeitáveis lentes que naquele tempo tinha a faculdade de matemática, não só pelos seus conhecimentos nesta ciência como pela sua muita literatura e erudição".
Sebastião Corvo de Andrade foi o primeiro director da Academia Politécnica do Porto, fundada em 1837.

sábado, 13 de março de 2010

Sinais...

... de Primavera!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sebastião Corvo (2)

Sebastião Corvo não era nem médico nem advogado, como aventava P.B. no Jornal das Aves antes referido: era "lente de Matemática" da Universidade de Coimbra, conforme esclareceu, também no Jornal das Aves, no número de 8 de Outubro de 1955, Artur Tojal.
Mas era também um poeta, autor de muitas poesias satíricas, que ficaram dispersas.
Os seus escritos matemáticos foram publicados no Boletim do Instituto de Coimbra e estão disponíveis na internet na Biblioteca Digital da Universidade de Coimbra, em aqui .

domingo, 7 de março de 2010

Sebastião Corvo (1)

Em 1955, num dos primeiros números do Jornal das Aves, um pequeno texto assinado por P.B. ( Padre da Barca?) dava conta da existência, no livro de assentos de óbito da paróquia de S. Miguel das Aves, de um registo referente a Sebastião Corvo, doutor, do lugar da Carreira, falecido na Póvoa de Varzim a 26 de Setembro de 1838 e sepultado na Igreja de S. Miguel das Aves dois dias depois.


O autor do texto desconhecia de todo quem era esta personagem, se era médico, se era advogado... Sabia ainda da existência de um prédio, na Carreira, conhecido por "propriedade do Doutor" e que nela havia morado um doutor, que, na tradição, "tinha umas librinhas".


Em 1955 não havia as possibilidades de pesquisa que temos hoje e, por isso, o P.B. apelava: "Haverá alguém que possa dar informações do dito Doutor Sebastião Corvo?".


Com os meios de hoje, é bastante fácil... Até o livro de assentos de óbito que o P.B. terá consultado na Conservatória do Registo em Santo Tirso já está "on-line" e pode ser consultado... É dele a imagem que se pode observar acima, com o assento de óbito do Doutor Sebastião Corvo.

sábado, 6 de março de 2010

Escritos...


Calvário, na passagem superior do caminho de ferro, Poldrães/Ponte Nova?

quinta-feira, 4 de março de 2010

Fotos antigas


Pode uma fotografia antiga ser ao mesmo tempo estranha e familiar? Esta é: o barracão e a casa do "Paga-já" são familiares... A feira, não... Os muros, a rua, ... houve ali mudanças que nos obrigam a adaptar a memória visual do local...
Outra alteração substancial que chama a atenção: os montes, ao fundo, sem árvores!