domingo, 31 de outubro de 2010

O Ave e as suas margens (3)

 Esta fotografia é de Abril de 1909 e foi publicada na revista Illustração Portuguesa, tal como outra apresentada dias atrás...Aliás, terão sido tiradas à mesma paisagem mas com enquadramento diferente.  Tal vez seja agora mais fácil identificar o sítio.... 

domingo, 24 de outubro de 2010

Há 100 anos, a República...



Uma pequena exposição no Átrio da Câmara Municipal do concelho permite perceber que a implantação da República chegou devagar à região e que, se houve, antes do primeiro aniversário da implantação, aquele "levantamento" da chamada "Monarquia de Santo Tirso",  isso foi consequência  da lentidão com que se operou a adesão popular ao novo regime... Curioso é perceber que, no que respeita à aplicação das novas leis da República, houve alguma diligência relativamente ao fecho dos Colégios da Ordens Religiosas. Assim, o Colégio de S. Miguel das Aves foi encerrado, tendo havido entretanto uma greve dos cabos de polícia, em Novembro de 1910, por serem obrigados a fazer vigilância ai referido colégio.


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Ave e suas margens (2)

Uma outra imagem da revista "Illustração Portuguesa" de Abril de 1909: a ponte do caminho de ferro e a junção do Ave e do seu afluente Vizela.
Aqui, a ponte centenária que se espera venha a ser mantida para serviço pedonal ( ver aqui o que se dizia há tempos) não permite equívoco: sabemos onde foi feita a foto.
Relativamente à foto do postal anterior, não me parece que possa referir-se ao Amieiro Galego. O Amieiro Galego deverá ter tido uma queda de água mais imponente que a retratada. Talvez possa ser onde está a Fábrica de Bairro, junto da Pinguela de Romão...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Ave e suas margens....

A revista "Illustração Portugueza" de 5 de Abril de 1909 ( que o nosso conterrâneo J. Moreira encontrou e teve a gentileza de me remeter) tem uma reportagem sobre o rio Ave, com algumas fotografias muito interessantes. O texto é difícil e cheio de floreados e referências clássicas a que já não estamos habituados.

Mas, lido à distância de mais de cem anos, quando continuamos a sentir a sua poluição ( ver http://www.facebook.com/home.php?#!/photo.php?fbid=166362056722818&set=a.151298804895810.27661.100000470751910 , ) , acerta em cheio quando diz " Em Portugal não há, ainda, aquela qualidade que na cultura de muitos povos representa o amor, o culto da paisagem".
Cem anos depois, a afirmação é ainda mais verdadeira: nunca a paisagem natural foi tão maltratada como agora.
A paisagem do rio Ave mudou drasticamente com a construção, a partir precisamente de 1909, das mini-hídricas que mudaram o panorama económico do Vale do Ave e do Norte de Portugal. Por isso, pode não ser fácil identificar o lugar, "entre Caniços e Riba d'Ave" onde foi feita a fotografia. Mas pode-se tentar...
Aceitam-se palpites...

sábado, 9 de outubro de 2010

Há 100 anos, a República...

O Padre Joaquim da Barca refere ainda, em nota de rodapé na página 106 da Monografia que "o julgamento realizou-se no dia 5 de Julho de 1912 (...). O farmacêutico Bernardino G. Ferreira, acusado de ter tocado o sino, com outros, para o levantamento do povo, esse, depois de muitas e arriscadas aventuras, conseguiu fugir para a Espanha e foi um dos homens do Paiva Couceiro, na invasão de Trás-os-Montes, em 1912.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Há 100 anos, a República...


Retomando o Padre da Barca, na Monografia, podemos ficar a conhecer a acusação: " Eram acusados de espalhar manifestos monárquicos - espalharam-se muitos, mas nunca se soube quem mandou nem quem os espalhou; de tocar o sino a rebate - tocou e tocou bem, mas também nunca se soube quem mandou nem quem o fez badalar; de irem a Santo Tirso, com o povo, numa grande manifestação monárquica - isso foi verdade, mas completamente desarmados e por cuidarem que, de facto, estava restaurado o regimen monárquico e por terem sabido que a bandeira azul e branca tremulava na Câmara e no Tribunal."

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Há 100 anos, a República...

O jornal "Ecos de Negrelos" tem vindo a publicar, nas suas edições mais recentes, o folhetim que o Padre Álvaro Guimarães escreveu em 1921 para o "Ecos de Negrelos" de então, um semanário que se publicava em ... S. Miguel das Aves. Descrevia ele, nesse folhetim, as agruras por que passaram os presos políticos tidos como autores do movimento contra-revolucionário conhecido por Monarquia de Santo Tirso ( Setembro de 1911).
Conta ele, dos dias passados na cadeia: " Durante o dia, tinhamos uma distracção, era quando, ouvido o sinal de aproximação de alguma força militar, vinhamos ao fundo da escada receber num abraço um novo companheiro de desgraça!".(...) Nesta prisão foi-me insinuado fazer uma declaração da fé republicana e declarar-me disposto a aceitar a pensão, afim de ser posto em liberdade. Não posso deixar de referir-me neste lugar ao nosso bom companheiro C. Mallen, que passava todo o tempo numa inquietação extraordinária, e toda a noite tomando chávenas de chá. Uma noite em que se disparara a arma da sentinela, esse bom amigo, numa aflição impossível de descrever, bate-nos à porta e, arquejante, só tem força para dizer: "ouviram? É um tiro". Imaginava ele que qualquer dia seríamos fusilados.
Chegou o 5 de Outubro, dia de festa para um regimen cujos adeptos outrora apregoavam essas sedutoras palavras :- liberdade, igualdade, fraternidade. Às 8 horas da manhã, na cadeia de Santo Tirso, entrou um oficial do exército e intima a estarem prontos, dentro de uma hora, a fim de seguirem para o Porto, os seguintes presos (...) . Da estação de S. Bento, no Porto, até ao Aljube, fomos constantemente apodados de garotos, asassinos, traidores, vendidos, etc, etc... e arremessavam-nos às faces imundícies levantadas das ruas.

Há 100 anos, a República...

Retomo o texto do Padre da Barca ( S. Miguel das Aves, Monografia, 1953):
"Ainda são muitos os nossos lares onde há os retratos dos últimos reis e a coroa da realeza. Também abalou muito a nossa gente a prisão, pelos carbonários, de alguns avenses, como implicados no movimento revolucionário de 29 de Setembro de 1911 - Monarquia de Santo Tirso. Eis os nomes dos presos, alguns dos quais andaram pela cadeia de Santo Tirso, Forte de Caxias, Forte do Alto do Duque, Trafaria, Limoeiro e Relação do Porto e depois absolvidos em julgamento, no Tribunal de S. João Novo: Padre Álvaro Guimarães - coadjutor da freguesia, Padre Joaquim Carlos de Lemos, Miguel de Jesus Pinheiro e Melo, Padre Augusto José Coelho, Constantino Malen, José Gomes e Joaquim Pedrosa".

Na foto: operários da Fábrica do Rio Vizela, cerca de 1900(?).

domingo, 3 de outubro de 2010

Há 100 anos, a República.

O Padre Joaquim da Barca, no seu livro "S. Miguel das Aves, monografia", (1953), refere-se assim à proclamação da República, falando da nossa terra:
"E que doloroso desgosto não foi para ela o baquear da monarquia em 5 de Outubro de 1910. Porque sabia que foi um rei, que lhe foi vizinho, que fez Portugal a golpes de audácia e a golpes de espada, e porque sabia que as mais brilhantes páginas de história pátria tinham sido escritas à sombra do ceptro, a nossa gente pensou que a Nação morreria com a morte da monarquia."

sábado, 2 de outubro de 2010

Há 100 anos, a República...

Comemoram-se 100 anos de República. A visão que nos apresentam as comemorações oficiais é uma visão "branqueada" que transforma um período histórico de violência e conflito numa revolução limpa e sem mácula... Salazar terá dito anos mais tarde que "simultânea ou sucessivamente, meio Portugal acabou por ir parar às democráticas cadeias da República, a maioria das vezes sem saber porquê" ( ver Vasco Pulido Valente em prefácio de"O Poder e o Povo").
Aquilo que interessa, do ponto de vista de um blogue com pretensões de registar a história local, é saber como foi o período da implantação da República nas terras de Entre Ambos os Aves.

Já referimos aqui a recepção na Fábrica do Rio Vizela ao jovem monarca D.Manuel II, em 1908...