O Padre António escrevia em 20 de Outubro de 1930:
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Empresa Industrial de Negrelos, na margem direita do Vizela..(1955?) |
O
sr. F. Machado Guimarães, pessoa de destaque e morador na freguesia do Ave,
mandou gravar na Fábrica, que agora lhe pertence, estas palavras: “Fábrica ou
Empreza Industrial de Negrelos”.
Numa
reunião em que este cavalheiro estava falando, junto à ponte de Negrelos,
voltado para S. Miguel do Ave, ou das Aves, disse ao sr. Capitão Bacelar e a
dois indivíduos de distinção, estando eu presente – Esta região de Negrelos é muito importante. Depois explicou da seguinte
forma: temos ali a farmácia do sr. Aires e lá no alto mais duas e um médico,
ali no fundo a grande Fábrica de Negrelos, e um notário privativo dessa importante freguesia de Negrelos, a
Fábrica do Sr. Moreira, a Fábrica de fazer papel, a minha Fábrica, a Fábrica
dos pentes, etc.
Ora,
se este grande industrial assim falava, é porque tinha a consciência de que
dizia bem e não não enganava pessoas de elevada posição social, que vieram ali
tratar de um melhoramento de vulto na Telégrafo Postal. Foi Administrador do
concelho de Santo Tirso, é actual Camarista e da “Comissão pro-Aves”, portanto
o depoimento dele tem grande valor, e confirma a minha asserção de que esta região tem o nome de Negrelos; e achava bonito e bem e apropriado, na sua Fábrica, o nome glorioso e
nobre de Negrelos. Na sua Fábrica não quer Aves, nem galinhaço. Ali há
ordem, respeito e limpeza.
Além
de tudo, que fica dito, vem em abono da minha proposição a existência, em S.
Martinho do Campo, da ponte românica de Negrelos, e em Roriz a capela
da (…)
(…)
Quando rezar peça a Deus por mim, para que de guerreiro me torne santo, como o
D. Nuno, e me dê paciência para aturar as suas chicanices de ataque bisonho e
inferior, cujo efeito psicológico no
povo ilustrado é contraproducente ao que o colega julga obter.
(…)
Todos os habitantes da freguesia do Ave, em todas as eras, respeitaram sempre o
nome de Negrelos, que tem pergaminhos próprios. Não pode ser
fidalgo um simples servo de gente d’algo.
Ora
a freguesia das Aves já foi súbdita, e criada, dependente de Barcelos e de
Famalicão (os nobres), portanto não pode ser superior aos nobres e fidalgos de
quem esteve dependente, e torna a estar dependente de outrem.
Agora depende de Negrelos e de
Santo Tirso.
O
santo da inconfundível, nobre e fidalga vila já desconfia da sua súbdita e
afilhada do Ave, e não admira, porque todos sabem que é de origem bárbara, e
foi despedida à francesa pelos nobres
Barcelos e Famalicão.
Quem
é assim despedido, é sinal de ser fraca criatura, e o Santo Tirso austero e um
tantito desconfiado vigia a sua criada
Aves , porque, além de mais defeitos, é vaidosa em demasia, não obstante ser
pobre.
(…)
Já que estamos em maré de mudança de nomes, melhor será, para castigo de S.
Miguel, crismá-lo, mudando-lhe o nome para Santo Antoninho do Ave.
Com o é taumaturgo português e
não estrangeiro, pedindo-lhe com devoção, perseverança confiança, é capaz de fazer nascer outro Rio Ave no cume de Sobrado e deslizando
pelo meio através da sua freguesia e Romão até Caniços, ficava com dois
autênticos verdadeiros Aves, e então e só
então poderia dizer com verdade e propriedade que a sua freguesia era dos dois Aves, e de seca esquelética passava a ser fertilíssima, de contrário não diga barbaridades e inexactidões, que é
capaz de enganar o digníssimo Abade de Burgães, que nem gracejando mente, e não
conhecendo as duas freguesias, pelas suas descrições fica supondo que a sua é
uma cidade, e a de Negrelos, que é uma aldeia de Paio Pires ou a ilha do Diabo.
Diga
a essas mulheres de asas aveludadas e macias que deitem muitas flores na Ponte
de Negrelos, porquanto todo o ano lá
passam para levar a água de Negrelos em milhares de cântaros, para dessedentar
esse povo que periga de sede , e se parasse a Fábrica morria de fome.
Au revoir.