Edição de Autor, 1987
Este livro é dedicado "ao grande amigo
Joaquim Anacleto Gonçalves"
Mais uma vez regresso ao poeta Fereira Neto.Este livro, manufacturado pelo próprio escritor, como outros da sua bibliografia, tem poemas de grande sensualidade e outros de cariz satírico, como é característica dos seus escritos.Tendo sido manufacturado pelo próprio autor torna-se hoje difícil saber o número de exemplares feitos. Reconheço neste livro uma sensibilidade apurada, um lirismo que lembra nos melhores momentos o poeta José Gomes Ferreira. Ao ler alguns versos sinto que são próximos de uma certa poesia contemporânea. Por exemplo o último poema do livro: "Não quero mais / versos seja de quem for / o poema ficou intacto". Quero no entanto deixar para os leitores avenses, como um desafio, o primeiro poema do livro.
"ali está ele
vestido de amarelo
no largo da tojela
palito? mastodonte?
torre?arranhacéus?
ou mostrengo não o de pessoa
ninguém sabe ao certo
que raio de coisa é aquela?!...
nos cordeis
saias blusas meias panos
de várias cores
cuecas de mulher grávida
e de menina menstruada
a secarem ao sol
quem seria a besta quadrada
que mandou erguer
uma tal mostruosidade
num largo tão bonito?
algum trolha cascalhoso
engenheiro apalermado
ou algum surto maldito? "
E o desafio é este: de que nos fala o poeta?!
E já agora para quando uma antologia dos melhores poemas e contos do Ferreira Neto?!
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