(Publicado no jornal Entre Margens)
A época desportiva de 1962/63 é o objecto desta
rubrica. A seu tempo se verá porquê. A partir da leitura dos jornais locais,
preferencialmente do “Jornal das Aves”, procuraremos recordar acontecimentos e
retratar ambientes e personagens da nossa história desportiva. Muitos
protagonistas e participantes dos acontecimentos relatados na imprensa ainda
estão presentes, porque 50 anos não é há tanto tempo assim, e eles poderão
relembrar e confirmar o que se descreve.
Agosto e Setembro de 1962
1 – A electrificação do campo foi o objectivo de
uma comissão que parece disposta a desistir, quando já tinha realizado uma soma
razoável.
A equipa de
ciclismo do clube participou em diversos circuitos (Aldoar, Lousada, Gondomar e
outros). No 8º Circuito das Aves (Populares), realizada no final de Agosto, a
nossa equipa esteve em destaque: Manuel de Oliveira foi o primeiro (ex-aequo
com um atleta do FCP), César Luís o quinto, José Correia o sexto, Noé Ribeiro o
sétimo e Noé Azevedo o oitavo. Um elemento da secção de ciclismo (Manuel
Ferreira Certo) participou como estafeta na Volta a Portugal em bicicleta.
Os
columbófilos da S.C. das Aves encerraram a época com o concurso de Valença do
Minho.
Em Santo
Tirso, o 1º Rallye de Donas Elviras levou uma multidão ao Parque a ver os
bólidos, atrapalhando a gincana dos velhos carros. O primeiro prémio foi para
um Lancia de 1928.
Os
pescadores desportivos do “Pic-Nic à beira rio” repetiram o seu concurso de
pesca seguido de leilão a favor dos pobres que já vinham realizando há cerca de
dez anos. A pouca água não permitiu pesca abundante (7 kgs de peixe) e o
vencedor foi Manuel da Silva, seguido de Álvaro de Sousa e de Serafim de F.
Gouveia.
2 – O verão
foi animado pelo Torneio Popular de Futebol que o Fontainhas ganhou, em
despique, na fase final, com o F.C. de Delães, que foi segundo, o Bairro e a
Florentina.
Relativamente
à equipa de honra do desportivo, a pré-época, como se diz agora, foi agitada
pela eventual revisão da suspensão de um ano ao Miranda, aplicada pela direcção
cessante e notícia da provável saída do Zé Pereira para o Salgueiros (constando
que o Vitória, o Tirsense e o Boavista também estavam interessados no jogador)
e do Costa para o Vizela. Foi contratado como treinador-jogador o Dieste, que
pelo primeiro treino demonstrou categoria e isenção, porque tanto manda parar
as jogadas dos titulares como dos reservistas.
Loureiro,
entrevistado pelo Jornal das Aves, lembrou que já levava 17 anos de atleta do
clube e nove de capitão, revelou estar com excelente disposição e garantiu que
“se todos quisermos, voltamos esta época à primeira divisão”. Trata-se da
primeira divisão regional, não façam confusões.
O cronista
desportivo do Jornal das Aves, Luís Freitas de seu nome, deixou clara a sua
visão do momento: “Onde está o verdadeiro amor à camisola que se veste?
Confessamos sinceramente que temos saudades daquela idolatria à camisola
rubro-branca do Desportivo das Aves que era apanágio dum Albano, dum Gentil,
dum Toninho, dum Ventura, dum Zeca, dum Álvaro, dum Bernardino, dum Pereira
Lopes e de outros tantos daquela geração. Agora, ou se joga para se ser ídolo
ou apenas com os olhos nos prémios de jogos. E isso é muito pouco.”
Quem quer
comentar, cinquenta anos depois?