Na Igreja Matriz, com duas datas de (re)construção.
Tombo que se vai fazendo das coisas e dos factos do presente e do passado de Vila das Aves
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Escritos...
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Flores de Outono - Poesias
de Fernandes Valente Sobrinho
(José Mendes Fernandes da Silva)
(José Mendes Fernandes da Silva)
à memória de minha mãe
Ludovina Mendes
Edição de 1979
Comp. e Imp. Centro Juvenil S. José Guimarães
165 páginas
Da banda de lá do rio
Da banda de lá do rio
mora um menino doente!
menino de olhar sombrio,
menino que, sei lá bem,
terá vindo na corrente !...
Da banda de lá do rio
mora um menino cativo !
menino que passa fome,
menino que esp'ranças come,
menino pintado ao vivo...
Da banda de lá do rio
mora um menino infeliz !
menino que chora e diz
que é feito de fome e frio,
menino, do amor, ausente,
menino feito semente !..
Da banda de lá do rio
Da banda de lá do rio
mora um menino bondade!
menino de olhar vazio,
menino de terra alheia,
escrevendo sobre a areia,
a palavra caridade...
Da banda de lá do rio
mora um menino dif’rente!
menino que cala e sente
que lhe negam a razão...
menino feito ilusão,
que não pediu p'ra existir...
menino acariciado
por um amor a mentir !...
Etiquetas:
Bibliografia avense,
Fernandes Valente Sobrinho
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Depois da Meia Noite - Romance
de Joaquim Ferreira Neto, 1923 - 2003
Ao Brigadeiro Aires Martins
Edição de 1969
Composto e Imp. na Tip. das Aves
210 Páginas
É um prazer encontrar um livro como este de Ferreira Neto, que, sem se perder em localismos, (e verbalismos sempre abstractos e perigosos) mantendo continuamente a compreensão, nos dá uma prosa variada, original, viva, tão cheia de vida como a temática a que dá expressão.
As histórias do romance são arrancadas ao povo da região de Entre Douro e Minho (e às sombras escondidas de duas grandes cidades, Lisboa e Luanda) e como nos surgem verdadeiras e imprevistas! São autênticos seres humanos que respiram nas páginas deste livro, integrados num mundo que os define sem os limitar...
In Jornal das Aves
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Arnaldo Gama (4)
JM, um amante da escrita e dos livros e sempre atento e dedicado às questões da nossa terra, deu-me a conhecer "Dois escritores coevos - Camilo Castelo Branco e Arnaldo Gama", de Augusto Gama, livro de 1933, onde se encontra reproduzida uma aguarela do autor relativa à Quinta de S. Miguel das Aves.
Augusto Gama, filho de Arnaldo Gama, refere: " A quinta do Outeiro, em S. Miguel das Aves, concelho de Santo Tirso, pertencia ao meu avô e era o retiro favorito do meu pai nas suas férias de Coimbra, sendo dali que colheu os principais elementos para " O segredo do Abade" e " O Sargento-mór de Vilar".
" O lugar é inteiramente diferente de S. Miguel de Seide, pois é alegre e povoado, correndo-lhe perto o rio Ave."
Augusto Gama conta também a sua passagem pela quinta, em duas ocasiões separadas: 1872 e 50 anos mais tarde... Assim:
Eu fui lá em 1872, tinha treze anos, acompanhado por uma velha criada da família, encarregada por meu avô de transmitir ao caseiro, o António do Outeiro, umas ordens e de verificar a sua execução.
Estive ali oito ou dez dias.
Era uma propriedade genuinamente minhota, pitoresca e alegre, cujas entradas, a principal e a dos caseiros, deitavam para um souto de grandes e antigos carvalhos.
Entrando pela porta principal, deparava-se uma larga avenida , ladeada de muros cobertos de limoeiros, por detrás dos quais, à direita era o jardim e o pomar, e à esquerda a eira e as suas dependências.
Ao fundo, em frente e a toda a largura, um muro com uma larga cancela, a abrir sobre as córtes e a as casas do caseiro; e à direita a casa de habitação, com a sua escadaria em quadrado, a dar acesso à sala principal.
Toldando a avenida, uma grande ramada de castanho em forma de maceira."
(...)
Essa propriedade foi vendida por morte de meu avô e, durante muitos anos, não voltei lá.
Passados cinquenta anos, eu tinha reminiscências completas de tudo; e , com uma grande vontade de rever aqueles sítios, para lá larguei de S. Miguel de Seide.
Conheci logo o Souto; e vendo a porta dos caseiros aberta, reconheci a casa.
Obtida a necessária licença do caseiro, entrei. Tudo na mesma, como há cinquenta anos! Apenas foi substituída a velha ramada de maceira por uma de ferro em arco.
De resto, a mesma avenida, os mesmos muros, a mesma casa e o mesmo jardim com o seu poço de roldana ao centro.
Que saudades!
(...)
Augusto Gama, filho de Arnaldo Gama, refere: " A quinta do Outeiro, em S. Miguel das Aves, concelho de Santo Tirso, pertencia ao meu avô e era o retiro favorito do meu pai nas suas férias de Coimbra, sendo dali que colheu os principais elementos para " O segredo do Abade" e " O Sargento-mór de Vilar".
" O lugar é inteiramente diferente de S. Miguel de Seide, pois é alegre e povoado, correndo-lhe perto o rio Ave."
Augusto Gama conta também a sua passagem pela quinta, em duas ocasiões separadas: 1872 e 50 anos mais tarde... Assim:
Eu fui lá em 1872, tinha treze anos, acompanhado por uma velha criada da família, encarregada por meu avô de transmitir ao caseiro, o António do Outeiro, umas ordens e de verificar a sua execução.
Estive ali oito ou dez dias.
Era uma propriedade genuinamente minhota, pitoresca e alegre, cujas entradas, a principal e a dos caseiros, deitavam para um souto de grandes e antigos carvalhos.
Entrando pela porta principal, deparava-se uma larga avenida , ladeada de muros cobertos de limoeiros, por detrás dos quais, à direita era o jardim e o pomar, e à esquerda a eira e as suas dependências.
Ao fundo, em frente e a toda a largura, um muro com uma larga cancela, a abrir sobre as córtes e a as casas do caseiro; e à direita a casa de habitação, com a sua escadaria em quadrado, a dar acesso à sala principal.
Toldando a avenida, uma grande ramada de castanho em forma de maceira."
(...)
Essa propriedade foi vendida por morte de meu avô e, durante muitos anos, não voltei lá.
Passados cinquenta anos, eu tinha reminiscências completas de tudo; e , com uma grande vontade de rever aqueles sítios, para lá larguei de S. Miguel de Seide.
Conheci logo o Souto; e vendo a porta dos caseiros aberta, reconheci a casa.
Obtida a necessária licença do caseiro, entrei. Tudo na mesma, como há cinquenta anos! Apenas foi substituída a velha ramada de maceira por uma de ferro em arco.
De resto, a mesma avenida, os mesmos muros, a mesma casa e o mesmo jardim com o seu poço de roldana ao centro.
Que saudades!
(...)
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Arnaldo Gama (3)
De "O Segredo do Abade", de Arnaldo Gama:"
E aquele nosso tão desassombrado outeiro de ao lado da igreja de S. Miguel das Aves - recordas-te, amigo? É impossível que não te lembres bem dele, tu poeta do amor e da natureza, que sabes libar gota a gota as doçuras suavísimas da vida de família, a felicidade da vida íntima, a única real neste mundo; tu que, já nessa época e em frente daquele dulcíssimo panorama, formaste um desejo, que implicava o sacrifício das fogosas aspirações dos vinte e quatro anos à vida do coração, toda amor e toda poesia. Felizes aqueles que nascem assim! "
E aquele nosso tão desassombrado outeiro de ao lado da igreja de S. Miguel das Aves - recordas-te, amigo? É impossível que não te lembres bem dele, tu poeta do amor e da natureza, que sabes libar gota a gota as doçuras suavísimas da vida de família, a felicidade da vida íntima, a única real neste mundo; tu que, já nessa época e em frente daquele dulcíssimo panorama, formaste um desejo, que implicava o sacrifício das fogosas aspirações dos vinte e quatro anos à vida do coração, toda amor e toda poesia. Felizes aqueles que nascem assim! "
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Arnaldo Gama (2)
Ainda de "O Segredo do Abade", de Arnaldo Gama:
"E a nossa linda igreja e o nosso formosíssimo outeiro? Ei-los, lá estão, amigo; - ela no meio daquele deleitoso e copado bosque de carvalhos e castanheiros, que a abraça por três lados, mas com a frente desassombrada a olhar para as campinas d'além do Ave; ele, donairosamente erguido a distância, vendo-a, à esquerda, ao sopé, e mais ao longe, lá em baixo, a imensa planície do outro lado do rio, repartida em campinas..."
Naturalmente, a foto da Igreja não condiz com a descrição que Arnaldo Gama faz: o bosque de carvalhos e castanheiros passou a bosque de plátanos e tílias... Informa o Padre da Barca (S. Miguel das Aves, Monografia, 1955) que "todos os terrenos que cercam a Igreja foram comprados ao Estado por 1200$00, em 1922, pela Junta da presidência de Bernardino José Moreira Garcia, o que foi uma providência, e medem 12 000 m2".
Um palpite: os terrenos referidos terão sido "nacionalizados" na República e por essa altura foram-se os castanheiros e os carvalhos... e, com a compra, em 1922, repovoou-se o espaço, agora com tílias e plátanos...
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Arnaldo Gama (1)
Arnaldo Gama (1828 - 1869) foi um jornalista e escritor do Porto que passou largas temporadas em S. Miguel das Aves, na Quinta do Outeiro, propriedade de seu pai. Nas suas andanças por cá recolheu materiais para alguns dos seus romances baseados em factos históricos relacionados, sobretudo, com as Invasões Francesas.
Em "O Segredo do Abade", Arnaldo Gama escreve na primeira pessoa: "Lembras-te, amigo, daquela espaçosa e amena planície, que, a principiar do aprazível e delicioso lugar, onde o Ave opulenta e engrossa a corrente com as águas claríssimas do Vizela, se estende para nordeste, abraçada como península pelos dois rios, partida em várzeas e campinas graciosas, e variada por outeiros e colinas vicejantes? Oh que saudades que tenho daqueles dias..."
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
sábado, 6 de fevereiro de 2010
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