segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A paróquia, a República em 1910 e os párocos da época.

Foto daqui
Já transcrevemos aqui um pouco do que, no "Ecos de Negrelos" dos anos 20 do século passado o Padre Álvaro Guimarães escreveu sobre os problemas causados pela "Monarquia de Santo Tirso", movimento de restauração da monarquia falhado, que ocorreu antes que passasse um ano do 5 de Outubro.
Mas, como também já referimos aqui , não foi "o único Padre avense que heroicamente viveu dificílimas missões eclesiais e paroquiais antes durante e depois da implantação da República Portuguesa" como é aventado aqui . O Padre da Barca e Padre Augusto Coelho, da Capela de  Luvazim, viveram as mesmas contrariedades e não terá sido por notória intervenção anti-regime mas mercê das circunstâncias criadas pelo episódio monárquico, pouco significativo mas explorado à exaustão, de Santo Tirso.

À data da implantação da República era Abade de S. Miguel das Aves Adriano Filipe Moreira da Silva que foi suspenso "do ofício e do benefício" e "se recusou a entregar as chaves da Igreja" ( ver Padre da Barca, pág. 172), (por ter aceite as leis da República relativas às pensões dos párocos e outras?). A Igreja esteve fechada cerca de dois anos e a paróquia anexada à de Bairro. Só na Páscoa de 1914 o pároco "encomendado" pode celebrar a primeira missa na Igreja paroquial, depois de o Dr.Maia Leitão, administrador do concelho, ter convencido o Abade Adriano Filipe a entregar as chaves...

O Padre Álvaro Guimarães, nascido em 1874, foi "cura" na paróquia em 1903, coadjutor em 1912 (sendo pároco "encomendado" o Padre Joaquim de Sousa Pereira, até 1920. A seguir, foi pároco o Padre António José da Silva Gonçalves, que teve como coadjutor o Padre da Barca (1921) e o Padre Cândido Lima das Eiras (1922). As responsabilidades paroquiais do Padre Álvaro Guimarães são muito depois da implantação da República: só em 1924 é "encarregado" e depois "encomendado". E manteve-se em funções até 1945, tendo tido, como coadjutor, a partir de 1943, o Padre José Ferreira...
Em 1945, o Padre Álvaro Guimarães tinha 71 anos. Tinha feito um trabalho pastoral de muita valia e foi, ele próprio um benemérito: de acordo com o Padre da Barca, tinha pago do seu bolso o deficit  das contas das obras que realizou na Igreja (cerca de 20% do custo total de cerca de 400 contos, um dinheirão em 1930).
Foi substituído, enquanto pároco, dois anos antes de falecer, pelo seu coadjutor, Padre José Ferreira, à data com 40 anos e que havia sido pároco, anteriormente, em Calendário (Famalicão).


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