domingo, 17 de julho de 2011

Curiosidades linguísticas de cá...(II)

Há décadas que Arnaldo Gama
dá o nome a uma alameda na
Vila das Aves
"Meia hora depois cheguei a casa do meu compadre.(...)-Então tardei?, disse eu, apeando-me.-Não senhor... Ó cachopa - interrompeu-se de repente o meu compadre, chamando para dentro, e já com o meu cavalo de rédea - bem pegar no cabalo do fidaurgo,  e mete-o lá na córte. Não senhor, continuou, voltando-se de novo para mim  - é que infinamente eu bim-me prantar à porta há um tudo-nadica, p'ra ver como ia o clibio do dia, que a modo que teremos por hi moufa...(...)
-Parece-me que não -respondi eu - o dia está encoberto, mas tanto melhor, por causa do calor. Como está a comadre?
- Mercês, beije-me mão de bo-senhoria. Mui bem desbalitada p'la fraqueza, Mas a-dei, senhor, que se lh´há-de fazer?  Coisas do mundo. O surgião mandoule tomar uns caurdos de galinha fortes, e eu, como quem não quer a coisa, fui mandando meter no panêlo ûas catro calcorés que me deu honte o Manel do Rio... Mas infinamente vo-senhoria não entra?
- Eu espero aqui, compadre. Não quero incómodos, e mesmo para os não demorar mais.
- Pois antão não há-de bober ûa pinga?

( em nota de rodapé, Arnaldo Gama esclarece que moufa é cacimba, orvalho, isso que por aí chamam chuva de molha todos, ou tolos, como diz o vulgo. 
Nós garantimos que a palavra ainda se usa por cá com esse sentido... )

Sem comentários:

Enviar um comentário