(Publicado no jornal Entre Margens)
3 – “Os verdadeiros sócios do Clube são os que
pagam sempre as suas cotas nas horas boas e más, que estão presentes na sede e
no campo, que riem e choram com o riso e choro do Clube, que se sacrificam pela sua existência,
que vão às Assembleias, não para lavar roupa suja, passe o termo, mas para
falar com o coração a sentir os interesses do Clube e os olhos postos na sua
continuidade”. Era a sim que falava o cronista, num escrito intitulado “Factos
e Conciderações”. O início do campeonato tardava e aproveitou-se o atraso no
arranque dos jogos oficiais para realizar a festa do jogador Loureiro:
“realmente, quem já dá há dezassete anos a sua colaboração ao C. D. das Aves
sem nunca regatear o preço do seu esforço e da sua dedicação, bem merece o
apoio moral e material de todos os desportistas da nossa terra”. A festa de
homenagem contou com a colaboração da A.D. de Fafe e o Aves ganhou por uma bola
a zero. Aos quinze minutos, o jogo foi interrompido para a homenagem ao
jogador, que de seguida abandonou o rectângulo de jogo.
4 – O Jornal
das Aves, começou a apresentar um palpite do Totobola avisando, com seriedade,
que “não somos infalíveis e que, portanto, não se devem seduzir pelo nosso
prognóstico”.
Em Santo
Tirso ficou registada a realização de festivais com a colaboração de alguns
consagrados artistas, com entradas a 25 escudos por pessoa. Um preço
exageradíssimo para a época, dizia o correspondente, juntando uma crítica
demolidora: quem gastou 70 contos a fazer um quarto de banho num dos recintos
também devia ter dinheiro para umas festas populares para a maioria da
população de Santo Tirso, que como deviam saber os senhores do Turismo, é de
operários fabris.
5 - O
Tirsense conseguiu eleger uma direcção, depois de uns meses de crise e
desejava-se o seu regresso à segunda nacional. Nessa época, o clube da sede do
concelho andava na mó de cima
relativamente ao nosso Desportivo e não se defrontavam directamente. Nos tempos
de hoje é o Desportivo que voa mais alto e, como vai haver, dentro de dias, um
jogo da Taça de Portugal podemos reviver os antigos “derbys” doutras épocas. Em
Setembro de 1962 realizou-se um jogo treino em Santo Tirso e ficou registado um
certo contentamento para o Desportivo por ter perdido só por uma bola… Pensarão
o mesmo, agora, os que nos virão visitar?
Haverá,
certamente, diferenças para menos em número de assistentes de agora, já que
existem muitos outros entretimentos e a vida é diferente. Mas os apertos
financeiros, esses são os mesmos de sempre: as Finanças decidiram, há 50 anos,
estabelecer a lotação do nosso recinto de jogos em “dois mil lugares de peão e
duzentos e cinquenta e dois de bancada”, em vez dos quinhentos lugares de peão
anteriores e, vai daí, a licença que custava trinta e oito escudos por jogo
passou para cento e oitenta. Era “mais um apertozinho ao nó”, da parte das
Finanças, na vida dos clubes pobres…
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