quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Há 50 anos foi assim… (O desporto na Vila das Aves, lido na imprensa local) (2)


(Publicado no jornal Entre Margens)



3  – “Os verdadeiros sócios do Clube são os que pagam sempre as suas cotas nas horas boas e más, que estão presentes na sede e no campo, que riem e choram com o riso e choro do  Clube, que se sacrificam pela sua existência, que vão às Assembleias, não para lavar roupa suja, passe o termo, mas para falar com o coração a sentir os interesses do Clube e os olhos postos na sua continuidade”. Era a sim que falava o cronista, num escrito intitulado “Factos e Conciderações”. O início do campeonato tardava e aproveitou-se o atraso no arranque dos jogos oficiais para realizar a festa do jogador Loureiro: “realmente, quem já dá há dezassete anos a sua colaboração ao C. D. das Aves sem nunca regatear o preço do seu esforço e da sua dedicação, bem merece o apoio moral e material de todos os desportistas da nossa terra”. A festa de homenagem contou com a colaboração da A.D. de Fafe e o Aves ganhou por uma bola a zero. Aos quinze minutos, o jogo foi interrompido para a homenagem ao jogador, que de seguida abandonou o rectângulo de jogo.

4 – O Jornal das Aves, começou a apresentar um palpite do Totobola avisando, com seriedade, que “não somos infalíveis e que, portanto, não se devem seduzir pelo nosso prognóstico”.
Em Santo Tirso ficou registada a realização de festivais com a colaboração de alguns consagrados artistas, com entradas a 25 escudos por pessoa. Um preço exageradíssimo para a época, dizia o correspondente, juntando uma crítica demolidora: quem gastou 70 contos a fazer um quarto de banho num dos recintos também devia ter dinheiro para umas festas populares para a maioria da população de Santo Tirso, que como deviam saber os senhores do Turismo, é de operários fabris.

5 - O Tirsense conseguiu eleger uma direcção, depois de uns meses de crise e desejava-se o seu regresso à segunda nacional. Nessa época, o clube da sede do concelho andava na mó de  cima relativamente ao nosso Desportivo e não se defrontavam directamente. Nos tempos de hoje é o Desportivo que voa mais alto e, como vai haver, dentro de dias, um jogo da Taça de Portugal podemos reviver os antigos “derbys” doutras épocas. Em Setembro de 1962 realizou-se um jogo treino em Santo Tirso e ficou registado um certo contentamento para o Desportivo por ter perdido só por uma bola… Pensarão o mesmo, agora, os que nos virão visitar?
Haverá, certamente, diferenças para menos em número de assistentes de agora, já que existem muitos outros entretimentos e a vida é diferente. Mas os apertos financeiros, esses são os mesmos de sempre: as Finanças decidiram, há 50 anos, estabelecer a lotação do nosso recinto de jogos em “dois mil lugares de peão e duzentos e cinquenta e dois de bancada”, em vez dos quinhentos lugares de peão anteriores e, vai daí, a licença que custava trinta e oito escudos por jogo passou para cento e oitenta. Era “mais um apertozinho ao nó”, da parte das Finanças, na vida dos clubes pobres…


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