quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Há 50 anos foi assim… (O desporto na Vila das Aves, lido na imprensa local) (4)


  (Publicado no jornal Entre Margens)

9 – A data do Jornal das Aves é 3 de Novembro de 1962 e a crónica diz: “começou, finalmente, no passado domingo, o campeonato distrital da 2ª divisão. O nosso clube recebeu o Castelo, a quem venceu por três bolas a duas. Não se pode dizer que o jogo tenha sido tão difícil como se pode depreender do resultado. Mas também não se jogou bem. Dominou-se bastante e só nisso estará o mérito da nossa vitória. De futebol limpo, apenas esteve em campo o nosso desejo. (…) Ganhou-se o primeiro jogo do campeonato, coisa que já há algumas épocas não se verificava. Talvez isso seja bom prenúncio.”
   “Impressionou-nos a forma como apareceu o Miranda, depois de tanto tempo parado. Quase todos os ataques nasceram dos seus pés”, dizia o cronista, que noutro texto questionava a ausência do Loureiro, alegadamente porque a direcção “não lhe pagava a noite de sábado para domingo, que ele não podia trabalhar para poder jogar”. A versão da direcção era de que só havia feito dois ou três treinos e que por isso nem sequer era convocado.

10 – O segundo jogo, oito dias passados, foi uma derrota: Cruz 2- Aves 0. O cronista demonstra preocupação porque derrotas como esta serão consequência da fragilidade da nossa equipa: “resta-nos, para já, uma equipa bastante esfrangalhada”, receando que alguém que venha ainda para compor a equipa “já não venha a tempo de salvar o barco que começou a meter água”.
Na foto: Soares dos Reis, Fernando, Carvalho, Mocho, José Maria, Neira, Lucas e Leandro (massagista); Miranda, Dieste (treinador), Soeiro, José Pereira e Loureiro.

11 – Um jornal diário anuncia por estes dias que o Desportivo das Aves acaba de fechar contrato com Soares dos Reis, que na época passada actuou no Futebol Clube do Porto, a guarda-redes. “É possível que o novo reforço do Aves possa alinhar já amanhã contra o Amarante, resolvendo assim as dificuldades criadas pela reprovação do titular Barros no Centro de Medicina Desportiva”. Outro jornal refere que os quadros do Clube estavam enfraquecidos pela saída de alguns para o futebol corporativo.

12 – Como é que um guarda-redes do Futebol Clube do Porto se muda para um clube da 2ª regional, depois de ter estado, ao que parece, pronto a assinar pelo Académico de Viseu? O que é que faz com que um jovem citadino venha viver na Pensão Alicate, no lugar da Ponte, Negrelos, para jogar no Desportivo das Aves? Ao que parece, havia relações de amizade e de negócios entre os presidentes dos dois clubes que facilitaram a transferência. E depois, o atleta encontrou por cá, por esses dias, a alma-gémea que o amarrou a esta terra e lhe proporcionou um contrato para a vida e que por cá o mantém, depois de uma carreira de futebolista profissional em vários sítios e de emigrante e desportista que continua a ser. Ou não fosse ele, hoje, um dos “Ases do Pedal”.  


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