sábado, 18 de maio de 2013

Há 50 anos foi assim… (O desporto na Vila das Aves, lido na imprensa local ) (8)


 (Publicado no jornal Entre Margens)


22 – No mês de Janeiro de 1963, os resultados do Desportivo, de acordo com o Jornal das Aves, que tem sido a base deste nosso registo, foram:
            Aves 1- Rio Ave 1 , num dia de invernia e com o campo encharcado. Foi o primeiro ponto perdido em casa. “Os nossos adversários, mais bem constituídos, souberam aproveitar melhor as circunstâncias do tempo e do campo”.
            Marco 0 – Aves 3. No fim da primeira parte e já com o resultado referido, o árbitro deu o jogo por terminado, por ter sido apedrejado por adeptos do clube local. Diz o cronista que a equipa adaptou o jogo às circunstâncias e, vai daí, interroga-se se não terá sido em consequência do seu comentário na crónica anterior…
            Aves 5 – Senhora da Hora 1. “ O guarda-redes, no pouco que teve que fazer, esteve bem. O nosso grupo venceu mas a exibição não convenceu.” Ora, se ganhando assim, a equipa não convence, dá para pensar que já está o cronista a exceder-se… Se não, veja-se: “ O Zé Pereira, marcando três golos e sempre esquecido de que a linha da frente é composta por cinco elementos” e, salvo algum elogio ao Neira (“no seu normal”) ao Oliveira (“segunda parte acertada, mas na primeira teve falhanços de causar arrepios”) e Miranda (“a jogar em grande plano”), é crítico bastante para assegurar que “os restantes quase não se viram”!
            Aves 3 – Ramaldense 1. Fica tudo dito assim, tal e qual:” o jogo com o Ramaldense foi, simplesmente, um jogo à Ramaldense”.
            Rio Tinto 3 -  Aves 4. Superado mais um obstáculo.
            Valadares 3 – Aves 1. O fracasso desta saída dá azo a várias considerações tácticas do cronista: “se analisarmos aquela espécie de 4-2-4 que a nossa equipa pratica, chegamos à conclusão de que o sistema não está de acordo com as características dos nossos jogadores”. Resta-nos a consolação da derrota do Ermesinde e do empate do Valonguense.


23 – Vamos vendo, semana a semana no Jornal das Aves, o crescendo da discussão pelo nome das estações dos correios e do caminho de ferro (dois enclaves, titulava o seu texto um “velho avense”). Um colaborador, presença habitual na primeira página com uma “gazetilha” em verso sobre “fait-divers” propícios à crítica e com o bem apanhado pseudónimo de Tónio da Graça Barata deixou para a posteridade que “camelo não é cão / borrego não é leão / a galinha não é galo / a égua não é cavalo / eu cá não posso gramar / que queiram classificar / Vila das Aves – Negrelos ! / Essa não me entra no caco, nem que lhe abram um buraco / com três dúzias de martelos.”


24 – A electrificação do campo e a construção de uma sede eram, segundo o presidente Serafim Rodrigues em entrevista publicada a 26 de Janeiro de 1963, os grandes projectos do Club Desportivo das Aves. Percebe-se que não se falava em conquistar títulos, apenas em criar melhores condições para a prática desportiva e resolução da crise financeira. Recorde-se que, à data, a sede era na Rua Silva Araújo, junto do Mercado, onde funciona actualmente a Foto Avis.

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