(Publicado no "Entre Margens"
38 - O
anúncio do jogo Tirsense – Vilanovense (a realizar logo após o interregno da
Páscoa, para o Campeonato Nacional da 3ª. Divisão) é muito optimista,
considerando que “tudo leva a crer que o Tirsense obterá mais um triunfo para
assim manter intactas as esperanças de subir à 2ª divisão”, no ano em que
comemora 25 anos de existência e a própria Vila comemora 100 anos com aquela
categoria.
O optimismo cedeu
lugar à raiva, visto que na semana seguinte vem a notícia da derrota por uma
bola a zero, “por culpa de um homem a quem deram um apito”… Pior ainda, o
Tirsense ficou com o campo castigado por um jogo. A notícia não esclarece
porquê, mas também não parece difícil de adivinhar… Isso irá custar bastantes sacrifícios, monetários e
desportivos, diz-se e pergunta-se: quando será que as autoridades tomam as
arbitragens a sério?
39 – Aves 3 -
Paços de Ferreira 1. “Sem que tenha feito uma exibição espaventosa, o nosso
clube praticou um futebol de razoável valia” … e mereceu a vitória.
Vista assim
à distância, a série de crónicas parece insistir sucessivamente em “bater” no
Zé Pereira, mas desta vez é só elogio: nos dois primeiros remates fez dois
golos… Ora, se “isto vem provar o que sempre dissemos, para se marcarem golos é
preciso rematar muito e de todos os ângulos”, eu fico baralhado com a lógica do
comentador, pois o avançado do Desportivo, desta vez, só precisou de dois
remates…
40 – Pelos
jornal local de fim de Abril de 1963 também tomamos conhecimento de que se
celebravam 35 anos de Salazar no governo da nação … “onde continua firme”,
sabendo que “ a Nação atravessa momentos únicos na sua história multisecular”.
“O povo continua, e muito bem, a confiar no homem”, escrevia-se.
41 – A
contrastar fortemente com o tom sisudo deste elogio salazarista, a crónica de
Monte Córdova abre com uma notícia intitulada “Continua morta na margem do
rio…” para dizer logo de seguida que “as necessidades imediatas premem os
habitantes de Cortinhas e das aldeias da mesma vertente a reclamarem a ressurreição
da estrada que morreu na margem direita do rio Leça”. Perante tão exuberante
ironia, terá a Câmara reagido positivamente?
Sem comentários:
Enviar um comentário