sexta-feira, 16 de maio de 2014

A distribuição de electricidade na Vila das Aves até 1983 (5)

As negociações com a EDP, tendo em conta a legislação aplicável, não podiam ter sido levadas a cabo pela Junta de Freguesia. Era com a Câmara Municipal, a quem a lei atribuía a competência para a distribuição de energia, que a EDP tinha de negociar a futura concessão...
(A iluminação pública, que no caso de Vila das Aves era suportada pela Junta e está documentada na foto ao lado com um peça de museu ainda existente, era outra parcela do negócio).

As eleições de Dezembro de 1982 mudaram os protagonistas nas lides autárquicas: na Câmara o PSD foi substituído pelo PS liderado por Joaquim Couto; na Junta de Vila das Aves, o CDS de Geraldo Garcia deu também lugar ao PS, liderado por José Francisco de Almeida Pacheco e com Aníbal Moreira no elenco. Em 13 de Março de 1983 o Presidente da Junta refere na sessão de Assembleia de Freguesia que "agora fosse mais difícil um acordo razoável dada a dívida ser enorme e os juros de mora rondarem os mil contos mensais". E na sessão de 14 de Março do mesmo ano o executivo pediu "o aval desta Assembleia para livremente  negociar" com a EDP. O Partido Socialista, pela voz de Mário Neto, apoiou a pretensão "desde que o executivo se comprometa a ir informando a Assembleia das negociações em curso".  "O executivo esclareceu que este aval só diz respeito ao entabular de conversações e de modo nenhum a sua conclusão".
Em Julho de 1983,  na Assembleia de Freguesia, à margem de um debate sob perdão de dívida de energia eléctrica à Associação do Infantário é referido "falando sobre as negociações em curso, o Presidente da Junta expôs aspectos importantes desta negociação: que a EDP vai assinar um protocolo em que se compromete a garantir o património da Vila das Aves e não tomar conta da rede mas a pagar uma renda com a qual irá amortizar a dívida ao longo dos anos de concessão, comprometendo-se também a melhorar a rede e a qualidade dos serviços, a ligar os novos postos de transformação e a integrar os funcionários".
Um membro da Assembleia (Carlos Alberto Ferreira, do CDS) referiu que já sabia da integração e dos seus termos antes da informação do executivo tendo afirmado que um antigo presidente da Junta, o Dr. Alves, quando em certa ocasião pretenderam retirar-nos a rede terá afirmado que só por cima do seu cadáver... Outro, António Araújo, membro do executivo anterior, acusou a junta de entregar a rede para agradar à Câmara...  e defendeu as decisões do executivo anterior de não entregar a rede, "alegando que nada ficaria escrito de tais contactos havidos"(sic), decisões que o executivo actual entendia não defenderem a terra e os trabalhadores. (O anterior presidente da Junta, que era membro desta Assembleia de Freguesia e até esta data muito interveniente nas discussões, esteve ausente desta reunião).

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