O livro "Glória" de Vasco Pulido Valente foi escrito com a intenção de "mostrar como agiam, sentiam e pensavam os portugueses letrados de meados do séc. XIX", contando a história de José Cardoso Vieira de Castro, um deputado originário de Fafe que se tornou famoso na política antes dos seus 30 anos e que casou no Brasil com uma herdeira rica que confessadamente assassinou em 1870.
J.M. Almeida Garrett era o destinatário de uma carta que Dª Claudina, de 21 anos, escrevia quando foi surpreendida pelo marido. Garrett era amigo e visita habitual da casa de Vieira de Castro e foi, dois dias depois da cena da carta, desafiado para um duelo pelo marido ofendido. Ramalho Ortigão, amigo de ambos, foi o intermediário do desafio para o duelo: "é preciso que hoje mesmo, antes da noite, me bata em duelo de morte com José Maria de Almeida Garrett. Torno-o cúmplice de um homicídio se não conseguir que o combate se realize, como desejo. No caso negativo, procuro Almeida Garrett e mato-o onde o encontrar".
Garrett, inicialmente, aceitou o duelo; mas a seguir decidiu não se bater, não se importando de se perder para sempre na opinião das pessoas honradas que não conheciam o motivo da recusa. E anunciou que se considerava morto para o mundo, que partia para França para entrar numa ordem religiosa e que não tinha medo da morte física: indicou a hora e o caminho que tomaria, a pé e desarmado, para apanhar o comboio, aguardando tranquilo o que lhe pudesse acontecer.
Ao receber a notícia desta recusa e considerando que seria cobardia matar um homem que resolvido a não se defender, Vieira de Castro chorou... Que plano teria ele em mente? Ninguém poderá responder a esta pergunta... Mas, certamente, teria algum, pois que, depois de receber de Ramalho Ortigão essa informação, declarou friamente que tinha matado a sua própria mulher, na madrugada anterior...
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