No livro "Glória", o seu autor comprova que, "fora as cartas, o "namoro" se reduziu a três visitas de Garrett, uma delas na sala e duas no "boudoir". À porta fechada, com certeza. Mas nada garantia ( e tudo permitia supor o contrário) que o namoro se tivesse consumado".
No julgamento de Vieira de Castro não ficou provado o adultério: por maioria, os jurados não hesitaram em negar a principal circunstância atenuante: não admitiram o adultério mas que Vieira de Castro estava convencido disso. O tribunal condenou Vieira de Castro a dez anos de degredo por assassínio premeditado, cruel e cobarde, mas, ainda assim admitiu que ele casou por amor e desinteresse e que amava extremosamente a mulher...
Vieira de Castro morreu pouco depois em Angola, onde cumpria a pena.
Esta tragédia inspirou, entre outros, Camilo Castelo Branco, que, alguns anos antes tinha autorizado o jovem Vieira de Castro a escrever a sua biografia. E, o biógrafo de Camilo, tinha, nos jornais da época saído em defesa do escritor e de Ana Plácido, detidos na prisão do Porto por crime de adultério. Vieira de Castro escreveu contra o casamento de conveniência, defendendo o "martírio da mulher vendida pelo pai a um comerciante sem escrúpulos". É um lutador pela liberdade da mulher que, mais tarde, faz uma viagem ao Brasil à procura de um casamento que o livrasse das dificuldades financeiras que o afligiam; consegue os seus intentos e, pouco depois dá um fim trágico à mulher que, eventualmente, o recusava...
Garrett é um figurante menor nesta história mas acaba por arcar com as culpas por efeito das notícias dos jornais da época, da literatura camiliana e do espírito da época, que, nestas circunstâncias, sempre exigia vingança sobre o pretenso amante e causador da desgraça...
Sobre Garrett, escrevia, algum tempo depois Eça de Queiróz em carta a Batalha Reis e Antero de Quental: " o Garrett está nas ambulâncias do exército francês como enfermeiro: estava na primeira ambulância que pertencia ao General Frossard. Estava - porque os Prussianos parece que fizeram fogo sobre esses hospitais de sangue".
Depois viria para S. Miguel das Aves, onde (escreve o Padre da Barca) "solteiro e com uns trinta anos de idade - começa a encher-se de beleza moral. É um verdadeiro penitente. Sai pouco, vive na maior modéstia, visita, conforta e socorre os doentes pobres, frequenta os sacramentos e abre uma escola gratuita para rapazes...".
E, onde, após a morte da mãe, prepara o caminho para fazer a doação que permitiu criar um colégio de raparigas, o "Colégio da Visitação de Santa Maria, onde é ministrado gratuitamente o ensino..."
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